O resgate da construção do indivíduo ético

O resgate da construção do indivíduo ético


A transformação social almejada pela humanidade em direção a uma sociedade de paz e harmonia, passa necessariamente por uma mudança no processo educacional que deve formar o ser humano capaz de construir esse mundo novo. Isso exige uma revisão na proposta educativa no sentido de uma expansão da compreensão da realidade e do desenvolvimento do ser humano nos seus níveis intelectuais, afetivo, emocional e espiritual, seu compromisso com a ética e a responsabilidade social e planetária, nunca visão de educação integrada e formadora de caráter.

A abordagem da Educação em Valores Humanos busca integrar essas dimensões do conhecer, do pensar, do vivenciar e do agir do ser humano, e para isso propõe uma formação que nos leve a dominar os conhecimentos na fronteira das ciências da epistemologia e do avanço de campos científicos que estão estabelecendo novas visões de mundo, a partir da física quântica, da teoria dos hemisférios cerebrais, e da ecologia profunda, da visão de novos processos em educação de perspectivas éticas, numa proposta de educação transdisciplinar, sob um ponto de vista complexo e complementar que fundamenta os novos paradigmas da ação humana.

Porém, esta não pode ser apenas uma viagem intelectual, mas um compromisso institucional e individual profundo com a ação amorosa. Ainda que o amor não possa ser quantificado nem definido cientificamente, manifesta-se no servir que implica sair de nós mesmos. Servir nos leva à percepção da unidade na diversidade e nos oferece a chave para a abertura da alma. Esta proposta visa propiciar essa formação visando a construção de uma sociedade amorosa e harmônica, a partir da formação do caráter de forma integradora e globalizante, propondo: uma metodologia que vincula a elaboração teórica e vivencial com a ação referenciada em Valores Humanos: uma abordagem transdisciplinar: uma formação baseada na prática dos paradigmas emergentes: uma integração das múltiplas dimensões do ser humano: biológica, racional, lógica, criativa, intuitiva, emocional, social, cultural, planetária, cósmica e espiritual.

O que se pretende é embasar a ação humana numa visão de mundo sistêmica e integrada que possibilite um pensar, sentir e agir coerente e harmônicos atendendo às necessidades deste momento em que se busca modelos de educação no Brasil, que vêm apresentando a necessária abertura a essas premissas. Os parâmetros curriculares nacionais, as propostas de temas transversais, as possibilidade de ação dos Conselhos Municipais são exemplos das oportunidades que o próprio sistema nos oferece, buscando uma abordagem mais complexa do processo educativo e ampliando as possibilidade criativas. A tradição escolar - que não fazia diferença entre um erro que é parte integrante do processo de aprendizagem e um simples ou desconhecimento - trabalhava com a ideia de que a ausência de erros na tarefa escolar era a garantia de aprendizagem.

Hoje, graças ao avanço da investigação científica na área da aprendizagem, tornou-se possível interpretar o erro como algo inerente ao processo de aprendizagem e ajustar a intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. O erro costuma traçar na escola, a fronteira entre o sucesso e o fracasso. Se cada experiência de aprendizagem for uma experiência de sucesso, o aprendiz constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz de aprender. Se, ao contrário, cada experiência de aprendizagem for uma experiência de fracasso, o ato de aprender tenderá a se transformar em ameaça e a ousadia necessária à aprendizagem se tornará em medo, para o qual a defesa possível é a manifestação de desinteresse.

Fonte: Eduque Net.
Autora: Regina de Fátima Migliori - Educadora, advogada e escritora. Pioneira na criação de Programas de Educação e Gestão centrados em Ética, Cultura de Paz e Sustentabilidade.

Leave a respond

Ninguém tentará arrancar o que há de mais preciso para um povo, onde cada um, mesmo nas coisas mais íntimas, tem por hábito defender intrepidamente o seu 'direito'. (Rudolf Von Jhering. A Luta Pelo Direito)

.

.
"A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro". Albert Einstein